À Conversa com a Fundação Khanimambo
23-Abril-2022
Na passada sexta-feira, dia 8 de abril de 2022, os alunos da Escola António Correia de Oliveira tiveram o privilégio de assistir a uma palestra com duas voluntárias, Marta Fernandez e Sofia Reino, e embaixadores em Portugal da Fundação Khanimambo.
A Khanimambo tem como propósito prestar auxílio a crianças carenciadas em Moçambique, e para que o seu objetivo seja cumprido, tem como base três relevantes áreas de desenvolvimento: a educação, a nutrição e a saúde. E é a partir destes parâmetros que acolhe centenas de jovens naturais de Xai-Xai e arredores todos os anos.
A associação que subsequentemente se tornou numa fundação, surgiu graças à dedicação e ao esforço dos seus três fundadores. Tudo começou, no ano de 2007 quando Alexia Vieira tomou a decisão de, juntamente com dois amigos, Maria e João, dar início a uma recolha de fundos e deslocar-se até Moçambique, voluntariamente, para ajudar jovens e crianças desfavorecidas na localidade de Xai-Xai. Assim sendo, acabou por construir o seu posto oficial de trabalho como voluntária numa modesta habitação que alugara.
Segundo as embaixadoras da instituição, com quem os estudantes puderam dialogar, as crianças acolhidas pela Khanimambo, acabaram por desenvolver, instantaneamente, uma relação de fraternidade com todos os integrantes do projeto, o que por conseguinte, contribuem para a veloz evolução e gigantesco progresso da fundação. Atualmente, a fundação, possui um centro de atividades e apoio educativo denominado por Centro Munti, localizado em Changana. O Centro Munti representa para a família da Khanimambo o resultado de 12 anos de trabalho e determinação dos seus colaboradores, da sua equipa e das famílias moçambicanas que apoiaram o projeto. Para além disso proporciona às crianças, que o frequentam diariamente ou semanalmente, condições de vida mais favoráveis e um futuro mais firme.
Na atualidade, as ações de voluntariado são uma forma de demonstrar à humanidade que todos têm uma significativa função a desempenhar que pode contribuir para a conquista da paz e igualdade mundial.
“Quando praticamos o voluntariado diretamente, temos a oportunidade de absorver a compaixão, a satisfação e a sensibilidade que nos rodeiam no preciso momento em que percebemos que as nossas ações fazem a diferença” – é o que Sofia Reino, salientou no decorrer da palestra, na tentativa de dar a conhecer aos alunos o quão gratificante é a prática de ações humanitárias espontâneas, especialmente quando existe a possibilidade de estabelecer um contacto direto com os indivíduos que necessitam de auxílio. Neste sentido a fundação está a desenvolver uma horta, onde aplica os conhecimentos da agricultura permacultura, e de onde obtém uma pequena parte dos vegetais para a alimentação diária. Espera num futuro próximo serem autossuficientes. Estão também a desenvolver bioconstrução. Estes conhecimentos e experiencias estão a ser partilhados na comunidade fazendo com que se desenvolva uma economia circular, o que já se verifica.
Já Marta Fernandez, que tinha regressado a Portugal há um mês, explicou como era o dia-a-dia das crianças moçambicanas, evidenciando a escassez de bens essenciais para a vida quotidiana das famílias, como o acesso à comida e à saúde. A partir de exemplos que vivenciou durante o período do seu voluntariado, Marta referiu que a maioria dos jovens que teve a chance de conhecer ingeriam apenas, uma ou duas refeições diárias.
Ambas as embaixadoras da instituição destacaram o facto das famílias, que mantinham relações com a Khanimambo, serem bastantes gratas por cada ato mínimo de ajuda. A compaixão, realçada pela valorização que as mesmas têm, em consideração por ações ou bens, que aos olhos de muitos cidadãos que possuem um modo de vida estável ou até mesmo avantajado, seriam irrelevantes.
Durante a sessão Sofia apresentou um vídeo, da sua autoria, no qual era possível obter uma formidável perspetiva de como era o espaço físico do Centro Munti. Os espaços de estudo, biblioteca, fisioterapia, refeitório e outros foram sendo visualizados como de um pequeno paraíso. Foi evidente, e é de referir, o quão alegres os jovens presentes na gravação conviviam entre si.
Esta palestra, permitiu a todos os que estavam presentes compreender que o voluntariado se trata de um conjunto de ações com fins sociais e comunitários que podem transformar vidas, assim como o pensamento da humanidade, fazendo desta uma sociedade na qual todos se ajudam mutuamente desejando em troca apenas um sorriso de gratidão. Para além disso, os alunos do 6ºE, 8º A, 8ºD e 9ºA foram capazes de expandir os seus conhecimentos e aprendizagens relativamente à realidade moçambicana de muitos jovens, que acabou por se transformar numa realidade mais próspera devido ao apoio e à solidariedade da ilustre Fundação Khanimambo.
Foi uma honra para a nossa escola, alunos e professores, receber as embaixadoras Marta e a Sofia, que nas circunstâncias de guerra em que nos encontramos vieram transmitir valores de paz, solidariedade, harmonia e beneficência.